sábado, 16 de julho de 2011

MAIS UMA DOSE


A cachaça Inox é apresentada em uma garrafa de formato elegante contendo 500ml, o rótulo é agradável e discreto.

A cachaça é prata, bidestilada com 40% de graduação alcoólica. Produzido e engarrafado por Puríssima do Brasil Bebidas Ltda, Blumenau (SC).

A aparência é cristalina, oleosa, escorre na borda do copo. Em relação ao aroma não apresenta as características devidas de uma bebida nova, como o aroma acentuado de cana. O sabor é leve, sutil.

A Inox foi premiada em 2010 com medalha de ouro em um concurso de destilados nos Estados Unidos, o San Francisco World Spirits Competition.

No sítio eletrônico da Inox é possível encontrar a análise da bebida, no caso do contaminante Carbamato de etila apresenta valor menor do que o máximo permitido.

Essa bebida foi um presente do amigo Ricardo do armazém Corleone.


Foto: Cavic

domingo, 10 de julho de 2011

Câmara Cascudo

Considerado o sociólogo da aguardente, o historiador, antropólogo, advogado e jornalista Câmara Cascudo (1898 – 1986) escreveu o livro “Prelúdio a Cachaça” em 1967, um clássico da literatura envolvendo a Cachaça.


Câmara Cascudo

A tese central pode ser definida por uma viagem folclorica, uma retrospectiva na jornada da aguardente no Brasil, afim de descobrir como surge o costume e a tradição da bebida que "'serve para tudo e mais alguma coisa'" (p.21). Cascudo pesquisa desde como surgiu o nome Cachaça, até como era vendida, quando era bebida, quem a consumia etc. Sua retrospectiva sobre o assunto nos leva a uma jornada histórica voltando aos tempos coloniais dos canaviais e do tráfico negreiro, mostrando que a aguardente brasileira era bebida, mercadoria e um excelente e disputado presente. Cascudo se propõe a fazer um estudo analisando todas as dimensões da cachaça no Brasil, não fazendo um estudo do "complexo folclore, as aplicações da terapêutica superticiosa, os ritos da consumação plebéia", mas sim "um diagrama do percurso secular" (p.98), sobre a "água que passarinho não bebe" (p.3).

A cachaça, na opinião do autor conseguira uma façanha jamais alcançada em toda Etnogarfia Geral. Ela atingiu diferentes povos e raças penetrando no seu tocante mais difícil que é a religião. "...a cachaça anulou as restições litúrgicas, impondo-de como ortodoxa." (p.63). Um mundo que no entanto aparece imutável, a cachaça penetra e torna-se participante indipensável

O interessante destes dois capítulos é que a "bebida de Cabra" faz parte do cotidiano de todos, está nos arredores de todos os lugares, inclusive em uma festa natalina celebrava-se o nascimento do "Deus Menino", com a aguardente. Podemos perceber que o símbolo da cachaça para o cerimonial religioso não era só para os índios e negros com magias e feitiçarias, mas também para os brancos. As pastoras, simbolizando a religião, seguem o Guia e quase imploram para tomarem a bebida que ele carrega: "Senhor, deixe ver a prova/ Desta bebida excelente;/ Suando, não bebo vinho,/ O melhor é aguardente." (p.74). A pastora rejeita o vinho, bebida sagrada, e deseja a aguardente, enfatizando mais adiante "Oh! Que bebida tão santa!" (p.75).

Tatiana Paiva



Algumas frases do livro “Prelúdio a Cachaça”:


Vida de cabra é cachaça, ambivalência da frustração, da fuga à realidade opressiva ao eterno desajustado, hóspede de todas as culturas.” (p. 53)


Há uma tradição de que a cachaça misturada com pólvora provoca a coragem. Fora estímulo belicoso nas guerras do império.” (p. 69)


Constata-se que a banalização da cachaça foi o segredo motor de sua sobrevivência. Ficou com o povo...” (p. 98)